Texto do dia: Mutare

Mudança. Mudar: do latim mutare, mudar, modificar. Tudo está sempre mudando. O semáforo muda de cor de tempos em tempos. Coisas e pessoas estão sempre mudando de lugar. A água que passou por baixo de uma ponte não é a mesma que passa ali no segundo seguinte. E mudar nem sempre é fácil. Às vezes são necessários anos para que um regato de água consiga mover uma pedra do lugar. Ou para que um conto fique pronto. Ou para aperfeiçoar um prato. E mudar muitas das vezes pode ser doloroso. Mas é necessário sempre mudar. Sempre. Por mais que seja difícil, que não vamos dar conta, que não adiantará muita coisa, precisamos estar em constante mudança. E não pelo outros, mas por nós. Só sentimos realmente a mudança quando queremos mudar. E o pior que algumas vezes somos iguais os casulos de borboleta: temos de mudar sozinhos. Se alguém tentar ajudar, podemos sair machucados. Mude. Corte o cabelo de um jeito diferente. Mude a disposição dos móveis do seu quarto. Leia um livro diferente. Ande por um caminho diferente. Mude sua opinião. Mesmo que a mudança seja pequena, é melhor do que ficar parado. E quem fica parado cria raízes. Não deixe as suas ficarem muito fundas.

Crônica do dia - Do Pó

Aos poucos as palavras foram se emudecendo, os lábios se trancando, os pensamentos se confinando nos labirintos da mente e da miséria. A pobreza os atingia de todos os lados, de um modo indescritível e perceptível. Rodeava, serpenteava entre eles. E unia os dois sem mesmo dizerem uma palavra. O emudecimento era o elo. O elo que os unia as pessoas daquele lugar esquecido por Ele. As ruas de terra refletiam o pó na face das crianças. As suas pipas, feitas de papelão, mal subiam com o vento que espalhava a poeira. Os velhos, sentados de dois ou três no botecos, proseando calmamente, não tinham nem mais vida nem cor. Seus cabelos brancos, escondidos por chapéus, não tinham mais sabor, assim como seus copos e pratos. Uma sirene de polícia. O susto. O olhar assustado dos moradores. E a volta. A calma. Todos ali sabiam que isso era normal. Que sempre estivera ali e sempre estará. E os corações de todos continuavam a pulsar, mesmo que sem seiva para isso. Contraídos. Concisos. Sem comida, sem água, só com o pão do infortúnio. Uma senhora empurrava um carrinho de lixo, com uma criança enrolada em panos gastos. E o bebê não chorava, não sorria, só existia dentro daquele mundo sujo. Pelo menos existia. E tudo isso ficava gravado nas suas cabeças, assim como nas fotos que tiravam. Sabiam que aquelas imagens seriam fixadas na mente por anos e que não podiam fazer nada para que isso mudasse. A impotência. A incapacidade de ajudar aquelas pessoas. Uma batida. Duas batidas. Uma menina no vidro do carro, falando ”tio, tem um trocado?”. E as lágrimas nos olhos, não dela, mas nos deles. E a menina se afastava, descalça. Levantando poeira, correndo, feliz, acostumava com a misera vida que o Deus da poeira lhe dera.

Clipe do dia: Alejandro - Lady Gaga

  É, desde vez Lady Gaga foi longe demais, até pra mim que sempre defendi seu estilo diferente. Alejandro não é nada parecido com o que eu estava esperando. Imaginava que Gaga viria mais uma vez com um clipe vibrante, colorido o chocante. Bem, não podemos dizer muito que ela fugiu dessa última parte.
  Em Alejandro predominam as cores escuras, os tom intensos e as cenas mais fechadas. Gaga aparece ora fantasiada de uma freira "hard", ora como mestre de uma seita bem estranha, sempre com um cabelo curtinho, bem masculino. Apesar de muito ter sido dito que o clipe seria uma celebração ao amor gay, isso aparece de formas sutis no clipe, com alguns flashs e insinuações.   Mas é claro que as tradicionais simulações de sexo e as fortes coreografias sempre presentes nos clipes da cantora estão de volta, mais intensas do que nunca.
  Muito também foi especulado sobre a semelhança de Alejandro com algumas músicas do ABBA e do Ace of Base, já que as batidas e a melodia se parecem. É parece Gaga quis mesmo fazer uma apologia aos anos da "onda hippie". Mais para o fim do clipe ela aparece com uma calça boca de sino e com um cabelo bem anos 70, em toque que lembra muito o ABBA.
  Enfim, cópia ou não, Alejandro é uma música ótima. Já o clipe, nem tanto.

     Classificação: ★ ★ ★

CD do dia: Kate Nash - My Best Friend Is You

  Kate Nash já havia me cativado há muito tempo, desde o seu primeiro CD, Made Of Bricks, que foi lançado em 2007. O jeito peculiar da cantora, com o seu fascinante sotaque britânico e suas letras que geralmente contam histórias fizeram que alguns singles seus, como Foundations e Pumpkin Soup, ficassem bastante conhecidas.

  E agora Kate Nash lançou outro CD, My Best Friend Is You, que segue a mesma linha do seu precursor. A inglesinha continua fazendo sucesso e música de qualidade, com melodias fáceis que agradam muito. Algumas composições seguem o mesmo estilo das anteriores, enquanto outras mostram o quanto a cantora cresceu e aperfeiçoou o seu talento, tendo como exemplo Don't You Want to Share the Guilt?. Já músicas como Early Christmas Present e Paris, bastante animadas e com batias fortes se contrastam com outras, mais calmas e com letras expansivas, como Mansion Song.

  Enfim, Nash provou mais uma vez que é uma boa cantora e que sabe como fazer sucesso.

  Abaixo dois videos da cantora, o já conhecido Foundations e o Don't You Want To Share The Guilt?:

Cd do dia : Veneer - José González

  Sabe aquelas letras de música que, mesmo com muito poucas palavras, parecem te tocar lá no fundo da alma? Pois é, assim é o cd Veneer do sueco José González. Desde que ouvi Heartbeats, a música da propaganda da Fox sobre a nova temporada de Bones, fiquei querendo saber mais sobre o cantor.
  E hoje, por uma coincidência muito grande, um amigo me passou o link do seu cd mais antigo, Veneer. Como tinha adorado Heartbeats, imaginei que o cd seguiria o mesmo estilo. E quão feliz fiquei em confirmar que o álbum está repleto de ótimas canções.
  Em essência, a maioria das músicas tem um toque bem trabalhado, com um violão ao fundo. E a voz de José não desaponta. Um tom forte, marcado, mas com grande poder de emocionar qualquer um. E as canções, quase sempre falando de algum amor, adquirem na voz de González uma outra percepção, outra sintonia.
  O cd é ideal para aqueles dias em que é preciso refletir, olhar pra dentro de si e questionar sobre o amor que se vive e sobre o quanto o expomos aos outros. É um cd bem relax, que combina com uma chuvinha, um edredom quentinho e uma xícara bem grande de leite morno.

     Classificação: ★ ★ ★ ★ ★

     Veja abaixo o clipe de Heartbeats, pra mim a melhor música de Veneer:

Cd do dia: She Wolf - Shakira

  Sem nada pra fazer, porque não baixar o novo cd da Shakira, She Wolf? Depois de ouvir os sucessos já conhecidos como She Wolf, Did It Again e o mais recente Give It Up To Me, esperava um cd justamente no nível dessas músicas. E confesso que nao fiquei desapontado.
  O cd está recheado de músicas ótima e bem dançantes. Podemos ver o tanto que a cantora colombiana passou do pop rock para um pop eletronico. O cd se mostra bem melhor que a último lançamento da cantora, Oral Fixation Vol. 2, de 2007, o qual veio teve muitas controvérsias. She Wolf ainda traz as versões em espanhol de músicas como She Wolf e Did It Again, que são tão boas quanto as originais em inglês.
  Além disso, Shakira está mais sexy do que nunca. Na capa do cd, assim como no clipe de She Wolf, a cantora está com um lindo cabelo loiro e em um maiô amarelo, mostrando suas as belas coxas.
  Pessoalmente, esse é o melhor trabalho da Shakira para mim até hoje. As músicas são muito bem produzidas, com toques marcantes e bem legais. É um cd que certamente merce ser ouvido.

     Classificação: ★ ★ ★ ★ ★

     Ouça abaixo duas ótimas músicas de She Wolf: Mon Amour e Why Wait:

Filme do dia: A Órfã

  Depois de ver A Órfã nos cinemas, comprei o filme e revi essa semana. E mesmo vendo pela segunda vez e já sabendo o final, o filme continuou agonizantemente bom e com muito suspense.

  O longa conta a história de um casal, John e Kate que, após perder um bebê, decide adotar uma criança mais velha. No orfanato eles conhecem a carismática e diferente Esther, e resolvem adotá-la. Porém, depois de algum tempo, Kate desconfia que há algo muito estranho com Esther. A menina se revela muito diferente da que ela inicialmente conheceu, mostrando uma personalidade perversa e manipuladora. Quando Kate tenta alertar a família sobre esse lado da órfã, todos se viram contra ela. E talvez seja um pouco tarde demais quando as pessoas descobrem o que Esther realmente é.

  O filme não é dos mais assustadores, mas em compensação prende totalmente sua atenção. A personalidade o os atos de Esther intrigam o espectador, que até chegar no fim do filme não tem idéia de qual será o desfecho.

  Enfim, A Órfã é um filme surpreendente, com um final nada esperado e que certamente vai prender a sua atenção do inicio ao fim.

Classificação: ★★★★★

Ficha técnica:

Titulo Original: (Orphan)

Direção: Jaume Collet-Serra

Duração: 123 min

Gênero: Terror

      Assista abaixo o trailer de A Órfã: